Sunday, August 01, 2010

A magia do mar

Algures na Catalunha, a sul da cidade de Barcelona, Dimitri Iurianovich mergulhava nas quentes e calmas águas mediterrânicas. Fazendo parte de uma forte comunidade russa de classe média/alta, cujo destino habitual de férias são as praias do sul da Europa, Dimitri há muito que riscava no calendário os dias de frio intenso da sua cidade natal, Novosibirsk, capital da Sibéria e a terceira maior da Rússia em termos populacionais, aguardando ansiosamente pelos últimos dias de Julho e por aquela tão desejada viagem.
Era a sua primeira vez em terras latinas, e nunca antes havia nadado em águas salgadas.
Aprendera a nadar numa piscina perto de casa e costumava mergulhar nas águas frias do rio Ob que banha Novosibirsk, mas para Dimitri o mar mediterrânico estava a ser uma experiência inolvidável !
A sensação era única ! Uma sensação de liberdade e desprendimento.
Com um ligeiro impulso de pernas e braços Dimitri contornava as suaves ondas que pouco mais tarde se desfaziam em espuma na areia. Por vezes fechava os olhos imaginando que o seu corpo sempre fora uma extensão daquele mar tão calmo de águas tão cálidas. Com os olhos abertos, virado para a praia, observava a multidão estendida ao Sol como os lagartos, de pé a jogar raquetes ou de cócoras a construir castelos na areia.
Espanhóis, ingleses, portugueses, franceses e os seus compatriotas russos, todos misturados numa confusão de areia sem fronteiras. Mais ao longe as palmeiras, a delimitar a praia do passeio marítimo e da estrada. Ao fundo os imponentes edifícios de apartamentos e hóteis.
Por vezes, num movimento de rotação, virava as costas à praia e contemplava o infinito oceano.
Estava sozinho. Só ele e o mar. Sem o stress do dia a dia de trabalho, sem ouvir o burburinho da multidão, sem carros, sem prédios, sem problemas… Só o mar… e Dimitri.
A contemplar o infinito oceano, tão longe da sua terra natal, mas enfim nunca tão perto de si mesmo…

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