Monday, August 03, 2009

Caravela Portuguesa

Bilbau, País Basco, 6ª Feira, 16 de Janeiro de 2015

Oito anos depois do início da crise económica mundial, com origem nos EUA na chamada crise do "subprime", realizava-se, num clima de extrema tensão social, a XXX Cimeira Luso-Espanhola.
Do lado português seguia da Capital uma extensa comitiva de ministros e outros membros do partido socialista, liderados pelo Engº António José Seguro, recentemente eleito Primeiro-ministro de Portugal.
De nuestros hermanos a comitiva, em muito maior número, era encabeçada pelo principal membro do Governo Espanhol de maioria PP, Mariano Rajoy.
O clima, como já referido, era de cortar à faca… A crescente taxa de desemprego chegava em Portugal aos 18%, a pobreza atingia os 40% da população e apesar da economia mundial já mostrar claros sinais de retoma, em Portugal esses sinais tardavam em se manifestarem.
Ao mesmo tempo, num ambiente de grande secretismo, algo se passava no interior ostracizado do nosso País...
Cansados de serem marginalizados, maltratados e ignorados pelo Poder Central várias comunidades de Norte a Sul do País se uniam e conspiravam.
Em surdina comentava-se que comunidades galegas estavam igualmente envolvidas no conluio.
O plano era perfeito, a altura a mais adequada.
Todas as atenções estavam centradas na Cimeira. Políticos e forças da segurança concentravam energias para que tudo corresse na normalidade em Bilbau, principalmente depois dos atentados contra membros do PP ocorridos no ano anterior e que tiraram a vida a dois importantes cabeças de lista às eleições autárquicas em Espanha.
Quatro mil e quinhentos agentes de autoridade portugueses e espanhóis praticamente isolavam os dois governos ibéricos em Bilbau, deixando caminho livre em Portugal para que o plano fosse levado a cabo com sucesso.
A ideia era simples, a execução técnica muito complicada.
Havia que colocar, ao longo da fronteira que separa os dois países e noutros locais estratégicos uma brutal carga explosiva no subsolo com o objectivo de subdividir Portugal em 3 zonas distintas: Norte, Centro e Sul.
O Norte ficaria compreendido entre Bares (ponto mais a Norte, na Galiza) e a Figueira da Foz.
O Centro iria desde a Figueira da Foz a Setúbal.
O Sul ficaria compreendido entre Setúbal e Faro.
O objectivo era claro, as consequências imprevisíveis: Regionalizar através de uma deslocalização geográfica das regiões.
A região Centro sofreria uma rotação de 180º passando a capital a ser Portalegre com a Serra de São Mamede a proteger a cidade do Oceano Atlântico criando um micro-clima único.
O Sul, aproveitando a Corrente das Canárias juntar-se-ia ao Arquipélago da Madeira que passaria a ter como capital Albufeira em detrimento do Funchal.
O Norte por ser uma maior área geográfica necessitava de algo mais do que uma simples corrente marítima. Uma vela de 50Km de largura por 150Km de altura transformaria a região Norte na maior Caravela Portuguesa de todos os tempos, que impulsionada pelos ventos Alísios e pela corrente Equatorial, se alojaria no mar das Caraíbas, junto à República Dominicana.
A capital seria a cidade do Porto.
Com 2 “ilhas”, uma a Norte e outra a Sul, a abandonarem Portugal Continental, o nosso País apenas com a região Centro transformar-se-ia num promontório de Espanha.
Os desempregados de Paços de Ferreira ficaram encarregues de fazer o mastro, os do Vale do Ave de fazer a vela e os feirantes de Norte a Sul do País ficaram responsáveis pelos explosivos. Os preparativos tinham já começado há dois anos.
Mas algo correu mal naquela noite…
Com o tempo a madeira do mastro ganhou caruncho e mal começou a ser içada para os 15Km de altura quebrou nos pontos de união.
Partes da vela, terminada com algumas das coberturas das tendas dos feirantes, rasgaram-se em vários sítios ao primeiro ensaio num túnel de vento.
Felizmente a pólvora era de boa qualidade e foi durante mais de duas semanas colocada escrupulosamente nos pontos GPS previamente definidos, a uma profundidade de 2Km.
Chegara então o grande momento.
Três… Dois…Um… Buummmmm !!!!
Um enorme tremor de terra, grau 7,5 na Escala de Richter, abalou toda a Península Ibérica. Centenas de prédios desabam, grandes deslizamentos de terra, algumas barragens colapsam, os rios transbordam, milhares de mortos e desaparecidos… Algumas fissuras no solo, mas nada suficiente para haver uma separação física entre as regiões…
Cinco anos depois…
Trinta por cento dos fundos europeus para a reconstrução civil dos edifícios foi perdido ou desviado.
Apenas 2 dos 15 cabecilhas que organizaram o plano foram detidos e aguardam em liberdade o início do julgamento previsto para daqui a ano e meio.
Cinquenta por cento dos feridos traumáticos aguardam ainda em lista de espera para operações de reconstituição.
Quando no resto da Europa já se respirava um clima económico de pleno crescimento e sustentabilidade, a retoma económica finalmente havia chegado a Portugal…

2 comments:

Anonymous said...

O mastro partiu-se, as velas rasgaram-se...Em 2015 já não há material Chinês? Já é muito caro ou a qualidade é ainda pior do que a de 2009?

Hum.. em 2015 o Pinto da Costa já deve ter morrido. Senão, carago esta vergonha não tinha ocorrido.

P.S: Será que o Sea Life provoca efeitos secundários nas pessoas que o visitam?

LR

last frontier said...

O material Chinês existe para situações standard. Agora para mastros de 15Km de altura e velas com mais de 75Km2 de pano, tem que ser material especial e mão de obra especializada. Infelizmente em histórias de ficção nem sempre tudo corre como desejamos...
Quanto aos efeitos secundários não foram com certeza do Sea Life... São muito anteriores a isso...

Last Frontier