Chamem-lhe crise, digam que o país está de tanga, que a coisa está preta, que estamos entregues à bicharada, que estamos em maré de azar, que melhores dias virão... Continuem a acreditar no Pai Natal, e fiquem sentados à espera das renas junto à chaminé !
O mal de que padecem os nossos governos constitucionais é o mesmo mal de que padecem as nossas empresas: falta de liderança, má gestão e permanente influência de fortes lobbies na tomada de decisões. De rosas passam a laranjas, de laranjas a rosas, e o país continua na mesma: cinzento ! Cinzento, muito nublado, com aguaceiros, saraivadas, trombas de água e por vezes alguns tsunamis...
Em vez de se unirem os rosas aos laranjas, aos vermelhos e demais cores do arco-íris, e trabalharem governo e oposição em sintonia em prol do desenvolvimento sustentado do nosso país, preferem dividir-se constantemente com picardias, insinuações, insultos, críticas e discussões ocas que servem de excelentes argumentos aos criadores do programa Contra Informação. Infelizmente o povo não se alimenta só de piadas...
Em vez de aviões de combate aos incêndios investimos em submarinos de combate ao ócio dos fuzileiros. Em vez de modernizarmos as linhas férreas para o Alfa, decidimos investir no TGV (Tanta Ganza nas Veias). Já para não falar no aeroporto da Ota, e nos desastres orçamentais da Expo 98, do Centro Cultural de Belém, dos estádios do Euro 2004, da Casa da Música, etc, etc.
É o aumento do desemprego, o aumento do défice, o aumento do custo dos bens essenciais ao consumo (acima dos aumentos salariais), são os incêndios de Verão, os desastres nas estradas, os desastres a matemática e português nas escolas, os processos judiciais a arrastarem-se até à prescrição nos tribunais, meio mundo a pedir esmola nas ruas ou para proveito próprio ou para instituições (para onde vão os nossos impostos ?). Enfim, o custo de vida a aumentar drasticamente e a qualidade de vida dos portugueses a deteriorar-se. Os ricos continuam ricos, a classe média já começa a contar tostões e a classe baixa vai ter que começar a roubar para sobreviver.
Onde vamos nós parar ?
Que triste fado nos reserva o futuro ?
Há que ter optimismo, mas a realidade crua e dura é esta.
Há que mudar mentalidades, mas a resistência à mudança é sempre muito grande.
Como cantava a nossa querida Ivone Silva (IS) com o Camilo de Oliveira (CO):
IS: "Ó Agostinho !"
IS: "Ó Agostinho !"
CO: "Ó Agostinha !"
IS: "Que rico vinho !"
CO: "Queres uma pinguinha ?"
IS+CO: "Isto é que vai uma crise ! Para a direita !"
IS+CO: "Isto é que vai uma crise ! Para a esquerda !"