Thursday, April 27, 2006

25 de Abril = Liberdade

Revolução dos cravos.
Derrube do regime ditatorial.
Liberdade.
Uma palavra que nunca mais acaba...
LI – BER – DA – DE !
Uma palavra, uma vontade, um desejo.
O rebentar das amarras.
Um sonho tornado realidade.
A voz de um povo unido.
Um grito desesperado.

Escrevo porque sou livre.
Escrevo porque me dá na gana.
Escrevo porque ninguém me pode calar. Ninguém me pode calar, ou denunciar.
Escrevo até que a mão me doa de tanto teclar.
Escrevo enquanto tiver algo para dizer. Enquanto tiver algo de mim para partilhar.
Escrevo para comunicar.
Mas todos são livres de me criticarem. E é salutar criticar.
A liberdade também está em se poder criticar sem qualquer receio de retaliações.
Quando não me apetece, porque estou desinspirado, cansado, saturado ou aborrecido, não escrevo. E ninguém me pode obrigar a escrever ! Não escrevo e pronto ! Sou livre de o fazer.

O 25 de Abril já passou mas só hoje me apeteceu escrever sobre a liberdade. Só hoje me senti suficientemente livre para o poder fazer. É um direito que me assiste !
Olhar, apreciar, comentar, vestir, falar, escutar, pensar, gritar, viajar, comer, beber, sonhar (ai, sonhar !) em liberdade completa e absoluta. Sem quebrar as regras que a sociedade nos impõe, sem perturbar a liberdade individual dos outros com quem nos cruzamos, sem destruir o equilíbrio do ecossistema onde vivemos, sem desrespeitar os princípios morais e de bom senso que estabelecemos com os outros e com nós próprios. Este é o meu conceito de liberdade.
Rir, chorar, discutir, partir, voltar, estudar, trabalhar em liberdade.
LI – BER – DA - DE !

Um bom scotch velhinho a escorregar suavemente goela abaixo, a nossa música preferida a tocar no sistema surround (os graves do sub-woofer a baterem ao mesmo tempo que o nosso coração), os olhos relaxadamente fechados e o espírito a vaguear pelo paraíso dos sonhos.
Deixem-me sonhar !
Deixem-me ser livre !

Sunday, April 23, 2006

Soraia Chaves cruza-se com Mourinho mas apaixona-se por Pierce Brosnan


A sugestão, a metáfora e o factor surpresa são ferramentas de marketing muito úteis na criação do desejo de posse do consumidor. Somos muitas vezes impelidos a comprar algo apenas pelo desejo de possuir a imagem, o status, o carisma e a associação sócio-económica que determinada marca nos transmite.
Algumas empresas fazem uso do denominado anúncio-teaser para através de imagens sem, à partida, qualquer associação à empresa em causa, provocarem curiosidade e posteriormente transmitirem a imagem da empresa de uma forma original e atractiva ao consumidor.
Neste caso não vos vendi um produto, mas sim uma imagem pré-concebida de uma sensual diva que está na ordem do dia. É assim que as revistas e os jornais muitas vezes se vendem. Um título sugestivo na capa, que depois nem sempre corresponde à imagem que criamos na nossa mente. Para os menos atentos, aqui vai a desmistificação da montagem (feita por mim) em cima:
  1. Soraia Chaves = só + raia chaves
  2. José Mourinho = BPI (nova campanha onde entra a Soraia Chaves)
  3. Pierce Brosnan = Sagres Bohemia (não sei se a Soraia gosta, mas a intenção da metáfora era lançar um boato)

Sunday, April 16, 2006

Retratos de V.N. Gaia (praias)

Pôr do sol na Praia de Lavadores
(Sunset in Lavadores beach, Gaia)


Barreira protectora das dunas
(Dune protection wall)


No swimming !


Foz do Rio Douro, Bico do Cabedelo
(Douro's river mouth)

Retratos do Porto

Ribeira do Porto
(Oporto old part of the city)

Estas imagens dispensam qualquer apresentação ou discurso filosófico.
Elas falam por si próprias. Elas são o espelho do verdadeiro tripeiro.
Like in EuroNews I should say: "No comments".


Barco Rabelo
(Rabelo boat)

Rio Douro visto da Alfândega do Porto
(Douro's river)

Caves do vinho do Porto, em V.N. Gaia
(Port wine lodges in Gaia city)


Loja de artesanato na Ribeira
(Small handcraft shop in Ribeira)

Friday, April 14, 2006

Ó meux amigoxzz, nom abia nexexidadezz !

A religião católica não precisava deste tipo de cardeais, e muito menos deste tipo de mentalidade tacanha e ultra-conservadora.
Um tal de cardeal Francis Stafford esta semana numa homilia que realizou no Vaticano deu a entender (cada qual faz a sua própria interpretação) que abusar do tempo dedicado à internet, à televisão e aos jornais, em detrimento do tempo dedicado à leitura da bíblia, que era pecado, e que deveria ser "declarado" sempre que o pecador se fosse confessar !
Eu pergunto ao sr. cardeal: mas afinal em que século é que estamos ? A igreja vai voltar a perseguir as "bruxas" e livros e queimá-los na fogueira ? Quem já leu a bíblia mais de 3 vezes deve ficar à espera que se publique uma nova edição revista e aumentada com os novos segredos de Fátima ? O tempo de antena da igreja na TV também é abusivo ? E as fortunas geradas e geridas pelo Vaticano também não devem ser "declaradas" no confessionário público ?

Imaginem um inocente pecador (P) a confessar-se com este cardeal (C):
P- "Bom dia Eminência."
C- "Bom dia ovelhinha. O que te traz por cá hoje ?"
P- "Eminência, acho que cometi alguns daqueles novos pecados..."
C- "Não me digas tresmalhada ! Desabafa, desabafa."
P- "Eminência, a semana passada li 2 jornais diários, e uma revista cor de rosa..."
C- "Não tem mal ovelhinha. Menos de 3 jornais diários por semana ou 2 semanários por mês, não é pecado. Revistas cor de rosa também eu leio de vez em quando. Não é muito grave. "
P- "Mas eminência, um desses jornais era desportivo e só falava do Benfica..."
C- "Isso já é um bocado grave ovelhinha. Nada que 2 pais nossos não resolvam... E mais ?"
P- "Tenho visto 2 horas de televisão por dia..."
C- "Muito grave ! Principalmente se forem programas com celebridades... 3 pais nossos e 3 avés marias"
P- "Também tenho andado na net..."
C- "Muito tempo ? A ver o quê meu filho ?"
P- "Muitas coisas, mas principalmente um blog que se chama Lost in the Wilderness..."
C- "Meu filho, isso é extremamente grave ! Esse blog é do mafarrico. É o pior pecado que poderias ter alguma vez cometido !"
P- "Quantos pais nossos e avés marias ?"
C- "Meu filho se já andaste nesse site durante algum tempo não há pais nossos nem avés marias que te salvem. Vais directamente para o Inferno pois de certeza que já estás convertido."

Link da notícia do Vaticano:
Tempo dedicado à net, TV e jornais preocupa o Vaticano

Outros links de notícias católicas:
  1. Sacrifícios dos homens para chegar a Deus
  2. BentoXVI: soberba, poder e dinheiro tornam o homem imundo

Sunday, April 09, 2006

Custa de carago... Carago não carago !

Juntos, estamos a arrumar com a exclusão social.
"Por muito que lhe custe
não dê nada. Nós damos por si."
Projecto Porto feliz.

Em carta aberta aos portuenses o presidente da Câmara Municipal do Porto incentiva a população a não dar a tão requisitada moedinha aos arrumadores profissionais, que vagueiam pela nossa tão nobre cidade Invicta. A ideia é tratar e reintregar esses profissionais da via pública de forma a tornarmos a cidade mais segura e os arrumadores menos dependentes da moedinha e da droga. No entanto, segundo o próprio Rui Rio a situação nos últimos meses tem-se degradado... E por isso temos que ser mais activos.
Posto isto tenho os seguintes comentários a fazer:
  1. Desde que o projecto arrancou ainda não vi qualquer sinal de desocupação das ruas por parte dos arrumadores. Muito pelo contrário, cada vez há mais arrumadores por tudo o que é canto.
    Solução: diminuir o numerus clausus no curso superior de arrumador;

  2. Por muito que lhe custe não dê nada ?!?! Moralmente não nos custa nada não dar nada... O chato é depois ganhar na rifa um risco ondulado a todo o comprimento do nosso querido rodinhas... Como se já não bastassem os riscos nas paredes lá de casa das nossas criativas criancinhas !
    Solução: só deixamos de dar a moedinha se o Rui Rio assumir os prejuizos que possam resultar dessa nossa posição intransigente ! ;

  3. Conforme se pretende vamos arrumar com a exclusão social.
    Solução: dar cursos de pós-graduação em boas maneiras aos arrumadores profissionais. É importante que saibam gerir o seu tempo de forma a não necessitarem de fazer horas extraordinárias, não violarem as zonas de arrumação dos seus colegas de profissão e acima de tudo não protestarem com os clientes quando recebem menos de 50 cêntimos por ofício. Aos arrumadores no desemprego vamos dar cursos de formação intensiva em assaltos à mão armada, técnicas de negociação em pedidos de resgate e arrombamentos de caixas-forte. O objectivo, neste cada vez mais difícil mercado de trabalho, é alargar o leque de opções e ao mesmo tempo tornar os arrumadores profissionais que se encontram desempregados, mais polivalentes.

Saturday, April 08, 2006

United we stand, divided we fall

Somewhere in America there are still some Indian tribes.
Somehow, someone is taking their lands away and intimidating their people.

Somewhere there are laws protecting animal life against all kinds of aggression.
Somehow, there are always someone that brakes those laws and gets unpunished.

Somewhere, once in a while, there are G-8 meetings where the richest countries forgive some debts to the poorest countries in the world.
Somehow, someone on those poor countries is getting richer and richer while their own people die of hunger and diseases.

Somewhere, someone is producing millions and millions of weapons, missiles, and all kinds of artillery, "promoting" war in order to develop their billions of dollars industry.
Meanwhile in the under development countries, somehow people are being exploited in order to produce very cheap products and destroy the world economy market balance.

Somewhere "there are" weapons of massive destruction, giving an excuse for beginning a war.
Somehow, people are being killed everyday with that stupid excuse while someone keeps smiling, playing golf and abusing from being the most powerful president in the world.

Somewhere in the outer space someone keeps looking for signals of water and non terrestrial intelligent life beings, wasting billions and billions of dollars in space shuttles, space programs, space shits....
Somehow thousands of people in our own planet are dying with lack of potable water and food...

Somewhere there is still space to believe that someone, somehow can still make the difference.
That someone may join someone else and strengthen the belief.
United we stand, divided we fall.

Wednesday, April 05, 2006

Aquele lacinho todo tró-ló-ró

Estava no primeiro daqueles dias do mês...
Já há muito que deixara de tomar a pílula mas ainda não me habituara aos fluxos constantemente abundantes que agora chegavam sempre em dias incertos.
Hoje é um desses dias em que o infortúnio me apanhou desprevenida em larga escala.
Felizmente a poucas dezenas de metros da calçada que percorria deparei com um desses poucos mini-mercados que ainda sobrevivem aos efeitos da globalização e das grandes superfícies comerciais. Entrei, algo atrapalhada, já com alguns sinais visíveis da tormenta que se alastrava na minha saia preferida em verde Benetton.
Mentalmente o destino estava traçado como num GPS: secção de higiéne, levantar tampões, pensinhos de abas anatómicas e dodots bébé (fazem milagres em ocasiões delicadas como esta); secção vestuário, levantar cuequinhas sloggi e calças de ganga de qualquer marca.
A vantagem do mini-mercado é que, como o próprio nome indica, a área é mínima e facilmente se encontram as coisas que procuramos. A desvantagem é que nem sempre têm tudo...
Desta vez a sorte não me abandonou e em pouco menos de quinze minutos estava já na caixa registadora para pagar.
À minha frente apenas um homem com umas garrafas de cerveja, uma bola de queijo Limiano, uma embalagem de tremoços e duas baguetes.
Estava quase a terminar de registar os seus produtos quando de repente se vira para a menina da caixa:
"-É pá, esqueci-me do presunto ! Dê-me só um minutinho que eu já volto."
Mas qual minutinho qual quê ! Indignada e desesperada logo intervi:
"Peço desculpa mas estou com muita pressa. Não se importa de pagar primeiro e depois voltar a entrar ?"
É nesse momento que ele se vira para mim, observa-me de cima a baixo (parecendo procurar todos os sinais de fraqueza que eu tanto pretendia ocultar) e diz num tom seguro e arrogante:
"-Desculpe mas a senhora acabou de chegar à fila. Está com pressa volte amanhã ou então vai ter que esperar como toda a gente. Tenha paciência !"
Não podia acreditar no que tinha ouvido, muito menos dito por quem me parecia estar a reconhecer. Eram os olhos, o cabelo e o lacinho todo tró-ló-ró do Zézinho da escola primária ! O mesmo que com 8 anos me havia pedido namoro por trás da sua então timidez, própria de um miúdo da sua idade.
"-Joaninha, queres namorar comigo ?"
Eu era então (e ainda sou) uma rapariga muito pretendida, pois para além de ser bonita pertencia a uma família muito abastada. O Zézinho não tinha nada a ver comigo. Embora de origens pobres, fazia-se passar por menino "bem". Usava uns óculos muito graduados tipo fundo de garrafa de champanhe e esganado ao pescoço um lacinho todo tró-ló-ró estilo Baptista Bastos.
Eu respondi-lhe em tom de troça: "-Zézinho, cresce e aparece !".
E não é que ele cresceu e apareceu mesmo ?
Espadaúdo, musculado, com lentes de contacto e com ar de quem está a singrar na vida ! O mesmo laço que usava há trinta anos atrás mas outra postura e confiança no olhar.
Eu, por outro lado, com 40 anos e já no 3º divórcio, estourei toda a fortuna dos meus pais e ainda não encontrei o homem da minha vida.
Teria sido o Zézinho a minha primeira e única oportunidade que tive de poder vir a ser feliz ? O único que de uma forma desprendida e sincera me disse que facilmente trocaria a sua consola de jogos por meia dúzia de beijos meus ?
"-Zézinho, és tu ? Lembras-te de mim, a Joaninha dos tempos da primária ?"
"-Zézinho ?!! Mas que confianças são essas minha senhora ? Não a conheço de lado nenhum ! Tenha paciência mas eu tenho que ir buscar um presunto. Volto já."
Que desfaçatez. Não se lembrava de mim !
Por momentos tinha me esquecido da situação embaraçosa provocada pelo fluxo que me colheu desprevenida na calçada e estava agora ali bloqueada com as lembraças do Zézinho e daquele homem que não me reconheceu e que em tempos usava uns óculos tipo fundo de garrafa de champanhe e o mesmo lacinho todo tró-ló-ró. Se o tempo podesse voltar atrás...
"-Sim, quero namorar contigo Zézinho !"